sábado, 4 de janeiro de 2014

Diante ao Espelho - capitulo 2




Quatorze anos se passaram desde que Anita falecera. E como havia prometido,Cedrico cuidará e educará suas filhas com o máximo zelo.
Naquela tarde de sol raro, e os campos cheios de rosas, suas filhas tinham ido cavalgar com Oliver, um amigo muito querido pela família. O duque aproveitou-se de que não havia ninguém no castelo para ir até o rio Sena, e lá lembrar-se de sua amada Anita, e de sua morte brutal.. Tinha certeza de que, aquela imagem terrível jamais sairia de sua mente.
Elizabeth saiu da rota onde suas irmãs e Oliver estavam e foi até o rio, lá avistou o pai com sua capa cinzenta, que usava para que não o vissem: a capa era grande e muito simples, suja de poeira. Sua filha do meio aproximou-se lentamente dele, com cuidado, mas o duque a reconheceu imediatamente pelo seu perfume e pela sua forma sorrateira, sorriu e fez um sinal para que ela se sentasse ao seu lado.
- Pensando na mamãe? –perguntou ela com ar suave e sério
- Sempre penso nela..-corou, limpando algumas lágrimas do rosto – Não consegue chamar a Andrea de mãe, não é Liz?
- Não a chamo de algo que sei que ela não é..e alias ela sabe que a adoro, mas ela nunca será a Anita, nem pra mim, nem para as meninas e ..- ela segurou na mão de seu pai com delicadeza – e muito menos para o senhor.
Cedrico a olhava com profundo orgulho e mistério, tirou uma mecha de cabelos do rosto da filha e prosseguiu.
- Você não devia falar assim..se Andrea descobre...- abaixou os olhos
- Saber? Não . Sabes muito bem que não conto nada que falo com você. E alias, ela não é burra, Andrea é uma duquesa, inteligentíssima por sinal. Ela sabe que minha mãe ocupa quase todo o espaço da sua mente. – Ela o olhava de um jeito encantador, exatamente como uma filha que era fascinada pelo pai.
- Você está cada vez mais parecida com a sua mãe, e falando assim..parece que estou vendo uma outra versão dela.. –afagou-lhe os longos cabelos castanhos – está tão crescida minha pequena.
Elizabeth tocou os dedos sobre a água, e sentiu um arrepio de desejo, como se aquele lago a chamasse, de repente seus olhos e cabelos começaram a brilhar discretamente. E ela levantou-se do colo do duque.
- Pai, como foi..a morte dela? – Elizabeth olhava fixamente para o interior do rio, como se estivesse esperando alguma coisa.
- Filha..- Cedrico segurou em uma das mãos dela, respirou profundamente – Ela foi morta por um pirata, e para poupar a vida de vocês, ela pediu para que eu cuidasse de você e suas irmãs.
Com um aperto no coração, ele contou detalhes de sua historia com Anita e como foi a morte dela. Ele estava a ponto de chorar pois, era como se toda aquela cena de terror tomasse conta de sua mente, apontou para o local onde o barco a deixará, morta e coberta de ferimentos internos sérios.
Elizabeth ficou horrorizada com tudo o que tinha acabado de ouvir do pai. Por um momento, era como se Anita estivesse diante do duque, e não a sua filha. Os olhos da jovem se cobriram de ódio e revolta, e ela começou a chorar descontroladamente.
- O nome..- limpou os olhos rapidamente – eu quero o nome dele pai!
-Mas para que?
- Diga o nome agora! – seu belo rosto agora, estava coberto pela fúria, e naquele instante ela ficara realmente idêntica a mãe.
- Phil, Capitão Phil.. – disse-lhe.
- Eu já ouvi falar dele..Oliver mencionou que ele é um pirata perigoso..
- Exatamente, não vá procura-lo Elizabeth!
- A hora dele vai chegar.
Ela se levantou, vestiu sua capa para proteger-se do vento leve. Beijou o pai na testa e montou no cavalo.
- Onde vai?
- Encontrar as meninas, a essas horas Portia já deve ter mandado a frota toda atrás de mim.
Um pouco depois, no castelo. Portia estava em seu quarto se arrumando para o jantar, juntamente com a irmã mais nova, Claire. Estavam arrumando seus cabelos. A pequena meio emburrada pois, não gostava de tantos apetrechos ou coisas glamourosas..
Elizabeth entrou no quarto e mandou que as criadas saíssem do local. Como era de se esperar, ela e Claire nunca foram muito próximas, e sempre que dava, existia uma provocação pequena entre elas. Aproximou-se do espelho onde estava apequena e começou.
- Que coisa é essa no seu rosto? – sua ironia era algo apavorante, em certos momentos.
- O que? –perguntou-lhe
- Isso.. – apertou o rosto da irmã indicando para a cicatriz dela- Está um pouco estranho não acha?
- Isso, é uma obra sua! –gritou Claire – ou será que não reconhece o próprio mal?
-Bem, pelo menos, eu não fico remoendo o que aconteceu a quatro anos e não fico pelos cantos chorando feito uma tola.
-Parem já com isso, vocês duas! - gritou Portia – Será que não podem ficar um momento apenas sem remoer isso?
- Irei contar tudo pra mamãe.. – quando Claire disse essas palavras, suas irmãs trancaram a porta e chegaram mais perto dela
- Nunca, nuca mais ouse chamar a Andrea de mamãe, esta entendendo Claire? Ela não é nossa mãe, e você sabe disso. – ponderou Portia em tom severo.
- Mas eu não compreendo ..
- Não se faça de tonta comigo mocinha, na hora certa você vai saber, agora pare de drama, por favor. – respondeu Elizabeth, secamente.
Claire correu para o jardim, onde ficava quando brigava com as irmãs. Sabia que não eram amigáveis, mas por que tão severas? Deitou-se sobre a grama verde, e ficou ali..lembrou-se então da briga que tivera com Elizabeth, onde obteve a cicatriz...
“ Numa tarde de verão, Claire tinha 10 anos e Elizabeth acabará de completar 12. Realmente não eram muito unidas, Claire era muito levada quando criança. Adorava irritar as irmãs tanto Elizabeth como Portia. Certa vez, sua irmã do meio ganhou uma joia lindíssima de Andrea, que usava em dias festivos, no dia seguinte, a joia tinha sumido. Elizabeth invadiu o quarto da irmã perguntando-lhe onde ela havia colocado a tal joia, de pirraça Claire começou a dizer que ela era uma tonta e que se parecia com as meninas na plebe, e correu pelo palácio com a joia no pescoço. Elizabeth deu um grito de fúria, pegou uma navalha afiada do bolso do vestido, sem pensar direito, correu até a irmã, a mesma ria alto dela, dizendo-lhe ainda que ela parecia uma garota desengonçada. Sem pensar em mais nada,Elizabeth pulou no pescoço da irmã, o pai tentou arrancá-la de lá mas foi em vão, o ódio tomará conta da menina, Claire gritava, e Elizabeth pegou a navalha de lado e rasgou-lhe um pouco o rosto, deixando um corte profundo, porém pequeno. Afastou-se dizendo: - Nunca mais se meta comigo entendeu?!”
A jovem, continuou deitada na grama, não chorava, apenas pensava no que tinha acontecido. Ela sabia que as duas irmãs eram agressivas, e que ela própria também era, só não entendia o porque. Depois da briga com Elizabeth, Claire não a provocará tanto, só as vezes, levantou-se e seguiu até o seu cavalo.Montou nele e saiu sem que ninguém percebesse, foi andando até uma gruta que dava para o Sena, desceu do cavalo e ficou sentada em uma pedra. Ficou lá por um tempo longo...olhando algumas folhas que caíam das arvores sobre aquela água limpa, mexendo os pés, começou a cantar em tom quase tão suave como um pássaro.
De repente ela assustou-se e quase caiu da pedra, avistou um enorme navio amarronzado com partes pretas. Uma bandeira meio que escondida formando um símbolo pirata, Claire imediatamente se escondeu atrás da pedra, esperou que o navio se aproximasse um pouco mais. Então, ela viu o capitão daquele navio tão grande, já tinha ouvido falar dele, Phil. Mas nunca o vira pessoalmente. Era lindo, alto e tinha um jeito único. Estranhamente a jovem se sentiu ameaçada pela sua presença, mesmo que ele não a visse, mas não havia chances dela sair de onde estava, pois com certeza ele iria vê-la.
O navio parou e ancorou ali. Phil, desceu dele, e se encostou em uma arvore, conversava com um de seus homens..”Nossa, como ele é lindo!” pensou Claire. Ela rapidamente se moveu até o cavalo, e sorrateiramente saiu de la com pressa. Chegando no castelo, foi direto para o quarto das irmãs, ela estava eufórica.
- O que houve?! – perguntou Portia
- Eu estava no Sena pensando...quando, quando..
- Quando o que Claire?! – irritou-se Elizabeth
- O pirata que vocês falaram certa vez..eu o vi! Ele ancorou o navio perto da gruta perto daquela arvore grande!
Portia caiu da cama na mesma hora.
- Ele te viu?! –gritou-lhe
-Não...mas eu sim..não deu pra ouvir o que ele falou com um dos homens dele, mas para ter ancorado, deve ser algo sério..
Portia e Elizabeth se olharam com um certo pânico por alguns instantes, e voltaram para a irmã caçula
- Escute Claire, não comente isso com ninguém, esta bem? – disse Elizabeth com apreensão –papai ficará muito preocupado.
- Está bem, e acredito também que eu não poderei ir até o Cena não é? – ironizou ela
- Exatamente! -concluiu Portia. – Por que não vai ver o que o Oliver está fazendo?
- Por que?
- Vai logo querida. – insistiu ela.
Logo que Claire saiu do quarto, Elizabeth trancou a porta. E voltou para a cama onde Portia, com uma expressão de angustia estava.
- Você sabe por que ele voltou não é? - começou
- Sei. Ouvi rumores de que ele viria até o Sena para caçar algumas sereias..
- Isso nos choca, e nos deixa muito em evidencia! –parou e se levantou – Portia..chegou a hora de vingarmos a mamãe
- Do que está falando Liz?
- Conversei com papai hoje..ele me confirmou, Phil matou a mamãe, e pensa que nós três estamos mortas. Porque foi o que a Anita disse, ela contou que nos duas morremos, e que tinha perdido a Claire...
- Não pode ser!
- Não de uma de burra agora Portia, ele sabe que a gente não morreu, ou..está se sentindo ameaçado por alguma coisa...-ponderou ela, e prosseguiu – Eu tenho um plano.
- Lá vem você com essas suas ideias loucas..mas me diga qual é.
-Depois, - disse ela, levantando da cama, piscou o olho para a irmã e saiu do quarto.
Algum tempo depois, na mesa de jantar, Andrea notou os olhares tensos que Claire trocará com Elizabeth, bebeu meia taça de seu vinho e fez um gesto com a cabeça, na tentativa de chamar a atenção do marido. Foi em vão, pois o duque estava um tanto distraído, e não prestou atenção na esposa.
Ela então, chegou um pouco para o lado, arrumando-se na cadeira, calmamente começou com o seu comentário típico:
- Meninas, noto que estão preocupadas com algo, o que é? – disse amigavelmente.
- Ah, não é nada Andrea, coisas sem fundamento. – Respondeu Claire com um pouco de nervosismo.
Elizabeth colocou a mão no rosto, e logo voltou a comer o peru.
- É, Andrea, besteira da Claire, não liga não.
Ela e suas irmãs acabaram o jantar quase ao mesmo tempo que o pai. Quando estavam se levantavam, Elizabeth chegou perto dele e cochichou:
- Preciso falar-te.
-Está bem, me espere na biblioteca, já estou indo. – Disse ele em tom seco.
Ela caminhou com seu longo vestido de cetim arrastando nos degraus do palácio, andou até a biblioteca, abriu a porta e foi andando até uma poltrona de veludo em tom de vinho, ao lado da mesa, e lá se encostou, á espera de seu pai.
Cedrico entrou na biblioteca, sem que a filha o visse, já que ela estava de costas para a porta. E ali ficou observando-a por alguns minutos, fechou a porta e ela se virou.
- Qual é a urgência?
- Hoje a Claire viu um navio pirata.
- Onde?!
- Nas margens do Cena, - ela foi até a janela central olhando as nevoas que se formavam com o vento, - você sabe de quem estou falando, não sabe?
As palavras de Elizabeth foram como um tapa na face de Cedrico, e por uma fração de segundos ele se lembrou da morte de Anita, e da dor que sentiu ao vê-la morta.
- Phil. – suas palavras eram secas e cheias de dor. – Mas o que ele quer aqui?
- Não sei, deve ter desconfiado que eu e as meninas estamos vivas. Mas o outono está se aproximando, vou para o rio e descubro o que ele quer...
- Não! Mil vezes não! – gritou ele.
-Pai! Eu não vou morrer ta? É só uma investigação necessária, e alem do mais..você sabe que eu e a Portia somos muito mais velozes que a minha mãe. – Ela o acariciou o rosto,com um trejeito bondoso – Eu tenho um plano infalível, que o levará á morte.
- Qual é?
- Primeiro eu tenho que ter certeza do que ele quer aqui, para depois coloca-lo em ação, mas eu vou precisar do seu apoio
- Sabes que o tem, para tudo não é?!
- Sei. – ela se desligou dele, olhando para o rio ao longe. - Espero que o que ele queira, seja o que estou pensando, porque se for..ah meu amado pai...Phil estará perdido.



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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Diante ao Espelho - capitulo 1. (Mariana Moreira.



A grande duquesa estava caminhando ao longo da margem do rio sena, quando se deparou com uma enorme calda em tom de vinho que se debatia na pedra. Com o máximo cuidado a duquesa aproximou-se da sereia que se desesperava com sua presença.
- Acalme-se, não lhe farei mal algum. Qual seu nome e o que fazes aqui? - Estou fugindo do navio pirata, querem minhas filhas e a que carrego, me ajude por favor! - Só então que a duquesa notou que aquela linda sereia estava grávida, e sem duvida ela pertencia á nobreza, pelos traços delicados e amáveis. - Como te chamas?- A sereia ponderou um pouco ainda chorando e disse: - Anita, meu nome é Anita. Tire-me daqui!
- Irei ajuda-la mas como, se estas com essa barriga?
Logo em seguida, Andrea ajudou Anita a locomover-se até um tanque que não ficava muito longe do rio, na verdade ele estava junto da margem.
A duquesa deixou Anita em um tanque que pertencia a sua família até obter uma resposta do marido sobre a proposta. Saiu rapidamente dali e foi direto para o palácio. Ao entrar no grande salão, a duquesa avistou o marido, que a esperava com um sorriso nos lábios.
- Onde Esteves? - perguntou em um tom serio porém, muito gentil.
- Fui andar um pouco pelas margens do Sena.- ela tinha uma expressão bem aflita e continuou a falar - Encontrei com Anita, e ela me pareceu extremamente agitada... Estava acorrentada a uma roxa.
- Piratas! Só pode ser.
- Querem as filhas mais velhas e a que carrega..
- ela está grávida?- surpreendeu-se o duque, que ouvia o relato aflito da esposa.
- sim, e me suplicou que nos tomemos conta delas, após o nascimento da pequena...- suspirou ela. O duque com um espanto tremendo levantou-se da cadeira e ficou andando de um lado para outro.
- Andrea isso é loucura! Não podemos criá-las.
- querido, Anita garantiu que o pai delas é humano e que as meninas saberão adaptar-se, - disse.
Logo o duque lembrou-se de uma sereia com quem teve um caso durante anos.
- Será? - pensou ele, e rapidamente voltou para a conversa.
- Está bem, vá até ela e fale, que aceitamos o acordo. E eu irei falar com ela em seguida
- Você? Mas o que ira dizer a ela? - a duquesa ficou muito atordoada e preocupada com o que o marido dissera, pois embora ele fosse um homem bom, era muito intolerante e irônico.
- não a tratarei mal Andrea, fique sossegada, apenas quero esclarecer algumas coisas praticas da vida- ele deu um leve beijo em sua esposa, que logo entendeu os motivos.
Após o chá, ela vestiu uma capa e foi para seu cavalo, junto do marido. Sem guardas. Cavalgaram por um tempo até chegarem perto do enorme tanque, lá estavam, Anita e suas duas filhas, Portia e Elizabeth, muito pequenas no fundo do tanque. Andrea foi primeiro, desceu do cavalo e aproximou-se do tanque
- E então? O que o duque decidiu? - perguntou a sereia como forma de sussurro.
- Ele concordou, entendeu os teus motivos de mãe. - Andrea se inclinou para ver Anita e as filhas melhor.
A sereia tinha hematomas bem isolados na nuca e sua enorme barriga era tão linda quanto a lua. A expressão de doçura continuava sobre Anita, a duquesa ficara maravilhada com o ar tranquilo que ela trazia consigo, no fundo do tanque,suas duas filhas se escondiam pois não eram acostumadas com outras presenças fora do mar. A duquesa levantou-se um pouco e foi até o cavalo. O duque chegou perto do tanque e viu, Anita, ela olhou profundamente em seus olhos verdes e sentou mais confortavelmente. Ele chegou bem perto dela e lembrou-se de um passado que eles compartilharam.
-por que não me disse? - perguntou-lhe. Maravilhado com a beleza dela.
- Cedrico, eu lhe disse quando nos conhecemos no porto, nunca ficaria sabendo da minha vida.
- Mas são minhas filhas também, as três!
- sim, mas eu nunca teria vindo atrás de você, se não fosse extremamente necessário. -ela tinha o mesmo jeito doce e manso de falar, que ainda o encantava.
- O que houve?
- Piratas, houve um ataque grave em meu reino, tive que fugir para que eles não matassem eu e as meninas.
- Eu soube, mas não liguei o reino a você, porque faz muito tempo então. Irei ajudar sim, ainda quero o teu bem. - Os olhos de Anita eram como dois cristais, lindos e brilhantes. Ela ainda o amava, mesmo depois de tudo que acontecera, e como era linda.
Cedrico tinha em segredo o amor puro que tinha por ela, a única coisa verdadeiramente boa que tinha em seu intimo. Ela o abraçou delicadamente, beijando-lhe o rosto. Depois de alguns minutos ela disse em tom calmo.
- Eu reconheci no minuto que a vi, a Andrea, ela é boa para você e cuidara bem das meninas.. Eu vi o seu casamento, vi tudo sabe.
- Você é realmente uma sereia incomum, dar a vida pelas filhas..
- Eles iriam vende-las...seria horrível ver isso. Cedrico, tanto Poria e Elizabeth quanto a pequena Claire, precisam viver perto do mar.
- Eu sei E quando ela nasce?
- Dentre dois ou três dias
-Mas depois o que irá acontecer com você?
- Se me pegarem,o que eu acho que irá acontecer..bom eu irei morrer .. – os olhos de Anita se encheram de lágrimas e ela se pós a chora, bem mansinho e serena. - Cuide delas por favor..
Cedrico colocou-a em seu peito, e acariciou-lhe os longos cabelos castanhos e cacheados. Seu toque a fez vibrar, como se ele estivesse sendo seu novamente, como se eles pertencessem um ao outro de novo. Os dedos,e toques dele eram ásperos e tinham um peso incomum ao que ela conhecia.
Anita afastou-se dele,mas permaneciam de mãos dadas, então ele a puxou delicadamente pelo braço, fazendo com que seu corpo se fixasse ao seu.
-Não quero que peguem você. – Disse ele com tom triste.
Ela apenas sorriu para esconder as lágrimas, colocou a mão delicada no rosto dele e disse serenamente.
-Isso é algo realmente impossível de se querer, nem eu e muito menos você podemos fazer algo para impedi-los, o que você pode fazer é proteger as nossas filhas. É por elas que eu estou fazendo isso. - disse ela com os olhos molhados pelas lagrimas que iam caindo de seus olhos.
-Cuidarei delas, tenha certeza. – parou um pouco e prosseguiu – protege-las de tudo isso.
-Meu doce amor, sim, amor..pois nunca deixei de amar-te nenhum segundo depois do dia que o conheci. Eu irei partir, mas deixarei partes de mim nelas, e eu estou bem com isso. – Ela o abraçou longamente,como se não quisesse que fosse apenas aquilo, aquele momento. – Eu queria que isso durasse mais, que fosse inesquecível..
-Mas é, de certa forma, - disse ela,- eu ainda sinto um amor intenso por você, as meninas serão um presente que a vida nos deu.
Anita ficava olhando-o de uma forma ingênua, como era antes. Viu que apesar dele ser um duque, intransigente e muito ocupado, Cedrico ainda era aquele homem doce que ela tinha conhecido a anos atrás.
-Isso é um adeus,prévio, se você quiser vir no nascimento da bebe, verei seus olhos verdes que tanto me fascinam..- disse em tom solene.
Os olhos dele se encheram de lágrimas, olhou-a com uma ternura desconhecida, que com certeza sua esposa atual desconhecia. Ele a tocou nos lábios bem desenhados em rosados, deu-lhe um beijo no rosto bem demorado.
- Cante pra mim? Uma ultima vez...-pediu-lhe – preciso da sua voz, para guardar na minha memória.
Ela apenas sorriu como uma criança, sentou-se de forma confortável, com os longos cabelos por cima dos seios, tocou a barriga, e começou a cantar:
“Tenho a flecha do cupido,a riqueza é ilusão.
E só pode consolar-me meu marujo alegre e bom.
Venham todas,belas damas, aqui deste lugar
Eu nunca vou tão longe cruzando o alto mar.(....)”

Depois apenas riu, vendo o olhar de Cedrico, bobo e quase morrendo de amores por ela novamente.
-Você precisa ir embora. –disse baixinho
-Eu sei –respondeu ele cabisbaixo
- Você virá logo, no nascimento dela. – disse na tentativa de conforta-lo
Ele levantou, deu um beijo na testa de Anita e foi em direção a Andrea.
E como era de se esperar, três dias depois, chegou o dia do parto secreto de Anita, a duquesa se levantou muito cedo para se arrumar,o duque já estava na sala a sua espera, com medo interno, ele temia pela vida de sua antiga amada,e sabia que ela iria morrer. Pegou sua capa de couro, pois fazia muito frio naquela época do ano,chamou umas duas vezes pela esposa, ela desceu rapidamente, caminharam até os cavalos. Como era de se esperar, foram ao tanque sozinhos, pois era arriscado . Quando chegaram, viram Anita em forma humana com sangramentos leves e muitas dores.
As parteiras já estavam lá, foram a pedido de Andrea, Cedrico ficará parado do lado de fora da cabana onde elas estavam. Foi um parto longo,Anita gritava de mais, o que o deixava com vontade de leva-la da li, continuou ouvindo os gritos dela por algum tempo, logo depois um som lindo um choro de bebe , e com ele a alegria dele. Invadiu a cabana para ver o rosto do bebe. Era linda, Claire, linda e branquinha, como a mãe e tinha olhos castanhos.
O duque pediu para ficar sozinho com ela, todos saíram da cabana, ele ficava cada mais cheio de amor, ainda mais agora vendo-a com a pequena nos braços.
-Ela é linda não é? –disse baixinho com a voz exausta.
-Como você. –ele tocava na cabecinha do bebe, e via os olhos brilhantes da única mulher que realmente amou na vida – você esta tão bonita..- concluiu
-Venha aqui,chega mais perto..- estendo as mãos finas e delicadas para ele.
Cedrico chegou mais perto possível, segurando em sua mão com firmeza.
Anita se aproximou dele também, e deu-lhe um beijo na boca como se fosse uma despedida de vez, ele correspondeu ao beijo delicado que só ela tinha, todo o amor que sentia reacendeu como uma brasa intensa e forte, queimando-o por dentro. Puxou-a para junto de si e foi como se eles fossem apenas um. Os gestos como se não quisessem se desgrudar, então ela se afastou, mordendo os lábios levemente:
-Agora sim, isso foi uma despedida, - disse ofegante.
-Não!
-Não faça isso, você sabe que irá acontecer, não deve demorar..por favor não torne as coisas mais difíceis pra mim! – chorou um pouco e pegou a filha nos braços. – Cuide delas, eu peço eu suplico!
-Já lhe disse que sim, mas eu não quero que morras..
-Isso é algo impossível de se querer, vai acontecer.
Chamou as meninas, Portia e Elizabeth tinham 4 e 2 anos. Nãoentendiam o porque do choro de sua mãe,ao ver a cena das quatro ali juntas na cama, Cedrico percebeu que as amava intensamente. Anita chorava e conversava com as meninas sobre a breve separação, e que ficariam na casa de um casal, que cuidaria delas,ambas choraram muito. Quando Andrea entrou na cabana novamente, conheceu suas futuras filhas adotivas, e assegurou que nunca as afastaria do mar,pois sabia da importância dele. Anita as beijou tanto e tanto, que na hora de dizer adeus, Elizabeth se pôs a chorar desesperadamente, Portia segurou na mãozinha da irmã, deu um beijo e um abraço, chorou bastante também, e saiu com Andrea, que segurava Claire nos braços.
Seu choro destruía as estruturas de Cedrico, ele junto dela dizendo-lhe que ia cuidar das filhas com o máximo amor possível. Anita se levantou da cama para ver suas filhas pela ultima vez de longe.
-A vida é estranha, adora pregar peças nas nossas mentes,nos obrigando a fazer escolhas terríveis. Errei ao não contar sobre as duas para você,mas agora estou reparando o meu erro, dando de uma vez todas elas,pra você ter o que a vida vai me arrancar,ou melhor já arrancou. – Dizia aquilo em prantos, rejeitando os abraços dele, ergueu os olhos e prosseguiu – Eu consigo sentir o navio do pirata se aproximando ..consigo ver o que ele fará comigo, se sentira vitorioso por acabar com a minha vida...- seus olhos tinham um tom avermelhado de raiva - Quero que ensine as meninas,,a vingar-se. E se possível que elas possam sentir o prazer de enfiar o tridente no pescoço do pirata que me matou,menos a Claire, porque não saberá como morri ...mas quanto a Elizabeth e Portia, eu desejo isso, - virou-se para ele – você se tornou o ser mais vingativo que existe nos últimos anos.Ao invés de matar pessoas inocentes,faça uso em seu beneficio próprio: ensine as nossas filhas. E mate o pirata chamado Phil! – cuspindo no chão.
Cedrico ficou escutando o que ela dizia, e era incrível como tinha razão em tudo. Disse-lhe que cumpriria o que lhe prometera, e que se as filhas não conseguissem matar o pirata,ele mesmo o mataria.
Algumas horas depois,Anita voltou ao rio Cena, Cedrico ficou observando-a, maravilhado com sua coragem. Foi questão de duas horas, e o navio de Phil se aproximava cada vez mais rápido de onde ela estava. Anita mostrou um sinal para que seu amado se escondesse, ele a obedeceu, e ficou atrás de uma arvore. Os homens que trabalhavam para o pirata agarraram a sereia pelos punhos, Phil, um homem alto branco, de cabelos negros, de olhos muito azuis se aproximou dela, Anita cuspira em seu rosto com um ódio comum entre sereias de sua espécie. Ele a acorrentou nas grades perto das velas do navio:
- É realmente uma pena, não é? Acabar a vida assim..nas minhas mãos – ironizou o pirata – farei o que eu quiser com você, e já que suas filhas imundas morreram no ataque que eu fiz, não me preocuparei com nenhum vestígio seu.
Phil era cruel, gostava de ver o sofrimento nos olhos de suas vítimas, porém Anita era muito pior. Ele e seus capangas fizeram de um tudo com ela, bateram-na, aproveitaram-se de seu corpo, deixando-a com marquinhas de cigarro pelo corpo, depois de todo o escândalo, o pirata colocou uma tabua de madeira encima de uma roxa bem dura, jogando o corpo da sereia (que ainda respirava) sobre a tabua, deitada de costas pra cima, uma lagrima escorreu sobre os olhos dela, Cedrico correrá até ela mas era tarde, pois ela já estava morta.

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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

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Leitores, irei postar meu romance. Que pretendo publicar.
Lembrete: postarei por capítulos.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Chegou 2014, que todos tenham um lindo ano, que conquistem seus sonhos, liberdades.
Que nesse novo ano o medo não nos detenha, pois somos maiores que ele: luta, conquista, realizações, é o que a página/blog deseja para todos os leitores. E que este ano seja cheio de cultura, bons livros, boas vibrações♥.